Pesquisa diz que preservação da Amazônia custará caro
Oficina de trabalho no Rio fornece dados preliminares sobre uso da terra e efeitos do desmatamento
O Ipea promoveu, na sexta feira, 31/08, a oficina de trabalho Mudanças no uso da terra nos estabelecimentos agrícolas e efeitos sobre desmatamento em terras públicas e privadas. O evento foi realizado no Rio de Janeiro e teve como objetivo aprimorar a metodologia econométrica da pesquisa. Por mais de uma hora, os técnicos do Instituto puderam avaliar os critérios apresentados pelos pesquisadores José Gustavo Feres (Diset) e Ramon Ortiz, do Basque Centre for Climate Change, da Espanha.
Iniciado em 2010, o estudo lança mão do Modelo de uso da terra do Ipea. Inicialmente desenvolvido para estudar mudanças climáticas e biocombustíveis, este modelo prevê a maximização do lucro do agricultor pelo cultivo de várias culturas em função dos preços de mercado e condições agroclimáticas.
Apoiada no uso da terra para floresta, pasto, plantio de cana-de-açúcar, soja e outras culturas, a pesquisa se divide em duas frentes. A primeira busca estudar de que modo o desmatamento de florestas está acontecendo dentro de propriedades privadas e auxiliar o proprietário rural na otimização da terra. Já a segunda investiga como se dá o avanço da fronteira deste desmatamento em áreas públicas, ou seja, para fora dos estabelecimentos. O intuito é estabelecer parâmetros para a política de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), uma espécie de compensação da emissão de gases poluentes na atmosfera, baseada no pagamento a agricultores que não desmatem suas terras. Com isso, poderia ser fixado o valor ideal do benefício.
Hoje, apesar de ser uma iniciativa internacional de países e empresas envolvidos na causa ambiental, o REDD se restringe a iniciativas pontuais. Uma delas é o Fundo Amazônia, que já recebeu cerca de R$ 128 milhões do governo da Noruega, R$ 6,5 milhões da Alemanha e R$ 7,8 milhões da Petrobrás como contrapartida � crescente contenção da fronteira do desmatamento no Brasil. Além da conjuntura internacional, a baixa adesão ao REDD pode ser atribuída, em escala regional, � recusa do valor oferecido por parte do agricultor. Isso ocorre porque a quantia se baseia somente na rentabilidade média de cultivo da área protegida, esquecendo outras variantes que influem na produção.
Com entrega prevista para dezembro deste ano, o estudo já chegou a uma conclusão importante. Nas palavras do pesquisador José Gustavo Feres, “se formos pagar para proteger a Amazônia, o valor será muito acima das estimativas atuais discutidas pelos formuladores de política pública”.
Fonte: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=15382&Itemid=8