Ética, disciplina decisiva na 1ª fase, teve nível ‘mais difícil que o normal’; leia comentários de especialistas sobre XV Exame da OAB
POR IGOR TRUZ - ÚLTIMA INSTÂNCIA - 16/11/2014 - SÃO PAULO, SP
Na tarde deste domingo (16/11), a OAB aplicou em todo território brasileiro a 1ª fase do XV Exame de Ordem Unificado. De acordo com professores e alunos, as questões de Ética, disciplina mais decisiva por apresentar os maior número de perguntas (10 questões), apresentaram um nível de exigência mais difícil que o cobrado nos últimos Exames.
“A prova de Ética veio anormal, um pouco mais difícil do que estava vindo nos outros Exames. Os temas, no entanto, se repetiram. Duas questões nós ainda estamos analisando, pois elas estão bem complicadas. De uma forma geral foi uma prova difícil para Ética. Mais difícil que o normal”, afirmou Marco Antonio Araujo, especialista na área e diretor-geral pedagógico do Damásio Educacional.
A reportagem do Especial Exame da OAB esteve na saída da prova na cidade de São Paulo, realizada na Uninove (Centro Universitário Nove de Julho) unidade Vergueiro, região central de São Paulo, e conversou com exclusividade com os professores do curso preparatório para OAB do Damásio Educacional e com candidatos que haviam acabado de sair da prova.
“É a terceira vez que faço o Exame da OAB. Fiz o XIII em abril, o XIV em agosto, e agora este que é o XV. Na verdade eles sempre oscilam muito. Não dá para falar qual é mais fácil e qual é mais difícil. Eles sempre dificultam em uma matéria e facilitam na outra. Nesta agora Ética veio extremamente difícil”, afirmou Fábio Gomes, estudante de Direito que deverá se formar ainda este ano.
Além da dificuldade apresentada em Ética, alunos e professores também concordaram que as questões de Direito Penal cobraram bastante dos examinandos nesta primeira fase.
“Não foi uma prova (de Direito Penal) simples. Caíram temas que são tradicionalmente considerados bastante difíceis, como prescrição e dosimetria da pena, reincidência, primariedade. Eu considero uma prova difícil pela escolha dos temas. As questões não estavam com uma dificuldade extrema. Não há, pelo menos a priore, questões controvertidas, que em uma primeira vista podem ser anuladas”, destacou a professora de Direito Penal Patrícia Vanzolini, do Damásio Educacional.
Ana Carolina, formada em Direito neste ano, concordou que as questões de Penal apresentaram um nível complexo. “Já sou formada, me formei agora no meio do ano. É a segunda vez que eu faço a prova e achei esta aqui mais difícil, mais chata do que a última. Penal estava muito difícil”, pontuou.
Composta por 80 questões de múltipla escolha, relacionadas a temas gerais do curso de Direito, a prova objetiva é a primeira etapa do processo seletivo para obtenção da licença profissional da advocacia. Para ser aprovado para a segunda fase, o examinando precisa acertar, no mínimo, 40 questões.
Participando do Exame de Ordem pela primeira vez, Natália, de 22 anos, afirmou não estar confiante em sua aprovação. “Achei a prova muito difícil. Muito mais difícil do que eu estava esperando. Eu acho que vou ter que fazer mais um Exame, acho que não deu não”, disse.
O resultado preliminar dos aprovados será divulgado no dia 2 de dezembro.
Leia abaixo os comentários dos professores das principais matérias da 1ª fase do XV Exame de Ordem:
Caio Bartine – Direito Tributário: a prova de Tributário não estava das mais tranquilas. Tinham questões que, apesar de serem legalistas, dependiam de uma análise e interpretação do próprio enunciado. Nós tivemos duas questões sobre suspensão da exigibilidade do crédito tributário; duas questões que falaram da função de Lei Complementar em matéria tributária, duas questões inclusiva que foram comentadas no Dia Damásio. O pessoal, em regra, está indo bem até agora, mas a prova não foi uma prova, em termos de Tributário, muito tranquila.
Patrícia Vanzolini – Direito Penal: não foi uma prova simples. Caíram temas que são tradicionalmente considerados bastante difíceis. Dois dos temas que eu creio que mais assustam os candidatos, que são justamente prescrição e a questão da dosimetria da pena, reincidência, primariedade, foram cobradas. Eu considero uma prova difícil pela escolha dos temas. As questões não estavam com uma dificuldade extrema. Não há, pelo menos a priore, questões controvertidas, que em uma primeira vista podem ser anuladas. Mas a escolha dos temas é que, de fato, tornou a prova mais difícil do que habitualmente tem sido. Eu creio que os candidatos devem ter encontrado dificuldades em Penal.
Roberto Rósio – Processo Civil: a prova de Processo Civil foi uma prova justa, mas de um nível de dificuldade de médio para difícil. Porém, todas as questões foram tratadas em aula. O tema principal da prova foi execução. Eram 3 questões de execução nesta prova. Ou seja, quem estudou uma matéria, se deu bem.
Flávia Cristina – Direito Administrativo: dando uma olhada na prova, nós chegamos a conclusão de que foi uma prova bastante complicada, bastante difícil. O nível de exigência foi acima do normal. Foram basicamente 6 questões, e das 6, apenas uma os candidatos fariam tranquilamente. As demais estavam bem complicadas.
Marco Antonio – Ética: a prova de Ética veio anormal, um pouco mais difícil do que estavam vindo nos outros Exames. Os temas, no entanto, se repetiram. Incompatibilidade e impedimento era um tema que nós imaginávamos que ia cair e caiu. Caiu também a história do local dos fatos (onde o advogado é punido por uma infração). Outras duas questões nós ainda estamos analisando, pois elas estão bem complicadas. De uma forma geral foi uma prova difícil para Ética profissional. Mais difícil que o normal.
Leone Pereira – Direito do Trabalho: a prova foi mais uma vez de nível médio para difícil, mas uma prova dentro do esperado, com temas que geralmente são cobrados mesmo. Mais uma vez tivemos uma prova com 11 questões de Trabalho e Processo do Trabalho, cobrando súmulas, orientações jurisprudenciais, atualizações. Diferentemente da prova passada, que foi atípica, esta prova, pelo menos em relação aos temas, foi dentro do esperado.
Erival Oliveira – Direito Constitucional: a prova de Constitucional estava bem feita, com temas técnicos, como competência e súmula vinculante. A prova exigiu do aluno uma certa atenção na sua totalidade. A prova de Humanos estava mais difícil, com uma questão específica sobre um tratado e temas mais restritos do dia-a-dia. Foi uma prova média para difícil.