Manifestações contra o Enem
Paula Filizola
Com grande mobilização nas redes sociais, estudantes preparam protestos em sete capitais para reivindicar a reformulação do exame
Menos de um mês após as marchas contra a corrupção em todo o país, a polêmica voltou a tomar conta das redes sociais. Indignados com o terceiro ano consecutivo de falhas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes brasileiros programam manifestações para os próximos dias e pedem a saída do ministro da Educação, Fernando Haddad.
O evento, intitulado Vexame Nacional do Ensino Médio, já ocorreu duas vezes no Ceará e está previsto para ser realizado ainda em: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Alagoas, Salvador, Recife e Porto Alegre. Entre as reivindicações dos grupos está a reformulação da prova. Os mais radicais exigem o fim do Enem e a volta do vestibular nas universidades. Um dos mais populares, o protesto carioca conta com mais de 7 mil adesões na página do Facebook.
“Cancelar a prova ou as questões de nada adiantaria. Sempre vão ocorrer esses vazamentos. O Enem precisa voltar a ser apenas o método de medir a qualidade do ensino médio, como era antes. Esse exame não tem condições de ser a principal porta de entrada das universidades”, argumenta Raphael Noronha, um dos organizadores cariocas do movimento. Estudante da rede pública em São Paulo, Paulo Silas está � frente da organização do protesto na cidade e defende o cancelamento da prova deste ano para garantir a isonomia dos candidatos.
Credibilidade
Na última segunda-feira, durante o programa Roda Vida, da TV Cultura, Haddad rechaçou a ideia que o Enem seja impopular entre os jovens. “Eu não sinto, sinceramente, que a juventude não compreenda a importância do Enem.”
Porém, para os estudantes, a impressão é de que a prova perdeu a credibilidade por conta das falhas. “Antes mesmo do vazamento no Ceará, já queríamos organizar uma passeata contra o Enem. Todo ano tem algum problema. As recentes notícias deram mais força ao movimento”, conta a carioca Natasha Radsack, 18 anos. O Enem também se transformou em um pesadelo para a mineira Londra Reggiani. Mãe de uma estudante de 17 anos, ela disse que vai com a filha participar da passeata Vexame Nacional do Ensino Médio em Belo Horizonte, no próximo 11. “Somos do interior de Minas. Minha filha saiu de casa aos 14 anos para tentar ter uma vida melhor estudando. É revoltante que todos os anos tenhamos que lidar com falhas”, disse.
Críticas ao ministro
Enquanto alunos inconformados organizam protestos contra mais uma edição do Enem, Fernando Haddad vai prolongar a briga do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) com o Ministério Público Federal do Ceará. O ministro pretende entregar pessoalmente o recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) contra a decisão da Justiça Federal do Ceará de anular 13 questões do Enem, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife.
O MEC e o Inep defendem a reaplicação do exame somente para os 639 alunos do Colégio Christus, em Fortaleza, que tiveram acesso a apostilas com as questões anuladas.
Roubo das provas
Para os estudantes ouvidos pelo Correio, o grande vilão dessa história é Fernando Haddad, que desde 2009 acumula fraudes na gestão do Enem. Em 2009, o MEC reformulou o exame para que ele fosse usado como o principal acesso às universidades federais. Naquele ano, houve o roubo das provas na gráfica. Já a edição de 2010 foi marcada por erros de impressão e vazamento de informações. Segundo alguns organizadores do Vexame Nacional do Ensino Médio, o ministro tem se ausentado da culpa.
O carioca Raphael Noronha substituiu a sua foto no Facebook por uma imagem pedindo a saída de Haddad. “Ele está tentando jogar a culpa nos outros, mas se é o subordinado que comete o delito, seus superiores também precisam ser responsabilizados”, pondera.
Paulo Silas, que é eleitor em São Paulo, reforça o coro contra Haddad e garante que jamais votaria no ministro, pré-candidato a prefeito da cidade pelo PT. “Se ele fosse sensato, não se candidataria nem a síndico de prédio”, ironiza o jovem de 17 anos. (PF)
Fonte: http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=24263 ou visite o site: http://blog.covac.com.br/