Super-fórmula avalia aluno

Estado de Minas, 28/09/2009 - Belo Horizonte MG
Super-fórmula avalia aluno
Aplicada em exames de admissão nos EUA, Teoria de Resposta ao Item usa estatística para verificar padrão de conhecimento do candidato, sem dar chance ao chutômetro nas questões
O velho truque do “uni-duni-tê”, que se traduz na língua dos estudantes pelo popular “chutômetro”, vai sair de cena na nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas essa artimanha não vai sozinha para o fundo do baú. Junto, vai o antigo costume de terminar a prova e sair correndo para conferir o gabarito. Nada disso terá mais valor, pois uma tão sofisticada quanto complexa fórmula estatística vai identificar respostas aleatórias na correção do teste e ainda aplicar pesos diferentes para as questões, de acordo com o nível de dificuldade. A superfórmula, um enigma difícil de ser decifrado até mesmo pelos craques em matemática, é conhecida como Teoria de Resposta ao Item (TRI) e é usada, há anos, nos exames de admissão às universidades norte-americanas. A explicação desse modelo estatístico passa, primeiramente, por um sistema de pesos das questões. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), órgão responsável pela elaboração e correção do Enem, as perguntas serão agrupadas, de acordo com o grau de dificuldade, em três conjuntos – fáceis, médias e difíceis. E as questões mais complicadas valerão mais pontos que as demais.

Até aí, tudo bem. O problema é que a complexidade da TRI não se resume à escala de pesos. Pela primeira vez, o Inep vai poder definir o perfil de quem faz a prova por meio de uma dinâmica de erros e acertos. “A fórmula identifica o padrão de conhecimento de cada aluno e conclui que alguém com desempenho geral baixo não teria condições de acertar uma questão mais difícil. Com esse sistema, vamos poder apontar quem chutou uma determinada pergunta, apesar de não haver punição prevista para esses casos. A grande vantagem da TRI é que ela permite ao aluno participar de mais de uma avaliação
fazendo uma comparação das notas ao longo do tempo”, explica o diretor de avaliação da educação básica do Inep, Heliton Tavares.

Portanto, a dica para se dar bem no Enem é tentar resolver todas as questões e manter uma boa coerência no índice de acertos. E, depois, é só controlar a ansiedade e aguardar a divulgação do resultado pelo MEC. Como não será possível conferir o gabarito ou conhecer a escala de pesos, a nota no exame virá sob a forma de um boletim, com a pontuação do aluno em cada uma das quatro áreas. Cada um receberá uma nota (proporção de acertos) e o valor final. Tantas mudanças e novidades deixam estudantes de cabelo em pé. Sem uma receita mágica para se dar bem no exame, a única saída é estudar bastante e testar o conhecimento em simulados e provas antigas do Enem. “O estilo da prova vai mudar, mas a base de cobrança será a mesma dos anos anteriores. Por isso, estou revendo questões das edições passadas e investindo nos simulados. Faço as provas com um cronômetro ao lado, pois o tempo dedicado a cada pergunta é muito pequeno e vai exigir treino”, diz Raíssa Araújo, de 18 anos, que vai usar a nota do Enem para tentar uma vaga de direito em quatro universidades federais de Minas.

Poder de crítica na redação - Criatividade não é tudo. Para fazer a redação do Enem será preciso ir muito adiante e ser capaz de propor uma solução para a questão apresentada como tema da prova. Essa importante peculiaridade do teste vai exigir do candidato muita informação e habilidade para defender seu ponto de vista com consistência. Tudo isso sem esquecer as regras básicas de um bom texto: respeito à norma culta, boa argumentação, adequação ao tema e 
cuidado com a coerência. Para não cair na  cilada  das generalidades, especialistas recomendam a leitura atenta do noticiário a fim de desenvolver o poder de crítica e contextualização dos fatos. “Os candidatos precisam ter a capacidade de ler questionando, numa atitude investigadora. Esse é o melhor caminho para ser capaz de fazer associação entre ideias e mostrar boa bagagem cultural e conhecimento de mundo. A redação vai exigir uma proposta de intervenção, um encaminhamento para um determinado problema, e a clareza e organização do texto são fundamentais”, diz a professora de português Giovanna Spotorno.

A estudante Luana Xavier da Silva, de 18 anos, que busca uma vaga no curso de direito, acredita que a redação pode ser o diferencial da prova, principalmente porque vai cobrar conhecimentos cotidianos. “O Enem coloca menos pressão que o vestibular normal porque engloba experiências de vida e de mundo, mas gera insegurança diante do novo modelo de teste e de cobrança”, pondera. Entre os temas que podem aparecer na prova, a grande aposta são as atualidades – seja Lei Seca, questões de saúde pública (gripe suína), violência, desigualdade social ou conflitos típicos da juventude. Para não se perder nesse rico cardápio de assuntos, estudantes dedicam tempo à prática. “Faço pelo menos duas redações por semana. O objetivo é passar pelos temas que têm mais chances de serem cobrados. Isso dá mais segurança e firmeza na hora de redigir o texto do Enem. E, nas horas de descanso, a regra é assistir ao noticiário da TV e procurar notícias na internet, em jornais e revistas”, conta Bruno Alvarenga Fonseca, de 17, que sempre estuda ao lado da namorada, Francianne Torres, da mesma idade. (GT)
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